O satélite universitário ITASAT-1, desenvolvido pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica em parceria com a Agência Espacial Brasileira e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), poderá ser lançado no próximo ano.
O projeto soma esforços de cinco universidades brasileiras e, em 2013, passou por readequações estratégicas na filosofia de desenvolvimento e na estrutura do equipamento. Mais leve e moderno, o ITASAT-1 terá módulos compatíveis com diversas plataformas e realizará cinco experimentos científicos em voo.
A proposta de desenvolver e operar um satélite universitário nasceu em meados de 2005. Até 2008, uma primeira fase do projeto ITASAT-1 buscou consolidar a formação de recursos humanos e o envolvimento de estudantes de graduação e pós-graduação. A partir de 2009, as ações passaram a se voltar para o desenvolvimento do satélite em si, com a realização de revisões periódicas formais, supervisionadas por especialistas do Brasil e do exterior, com experiência no desenvolvimento de microssatélites.
No decorrer dos últimos dois anos, no entanto, tanto a filosofia de desenvolvimento quanto a estrutura do satélite tiveram seus escopos readequados. De uma abordagem mais rígida, próxima dos satélites operacionais e com o desenvolvimento de todos os subsistemas e equipamentos do satélite, o projeto ITASAT-1 passou a focar na integração de sistemas e na aplicação de métodos de validação e verificação, bem como, no treinamento dos estudantes em Engenharia e Desenvolvimento de Sistemas. “Os estudantes passaram a trabalhar de forma integrada, conhecendo todas as etapas do projeto. Com isso, saem daqui aptos a trabalhar nas empresas da área espacial que estão surgindo”, explicou Lidia Hissae Shibuya Sato, Pesquisadora Científica do projeto. Também foram propostas mudanças estruturais relativas ao tamanho e peso do equipamento, aos sistemas de comunicação e de controle de atitude. “Inicialmente, o ITASAT-1 foi pensado para ter de 80 a 100 kg. Na sua nova configuração, ele deverá ter menos de 10 kg”, disse.
Tão logo consolidada a construção do ITASAT-1, o projeto caminhará para a fase de escolha do foguete que levará o satélite ao espaço, considerando uma janela de lançamento de setembro a dezembro de 2015
Dentre os seus objetivos, o projeto ITASAT-1 também tem como proposta desenvolver um modelo de engenharia que permaneça em solo para a realização de testes e simulações do treinamento de operadores de estação. Com isso, seria possível simular com exatidão o que acontece no espaço, corrigindo eventuais problemas em voo, a partir de soluções desenvolvidas em terra. “Se acontece um problema no espaço, a partir de uma versão idêntica em solo, podemos simular o ocorrido, estudar a solução e só depois disso, tomar as medidas necessárias para que as correções sejam realizadas em voo”, explicou Lidia.
O ITASAT-1 é um satélite experimental científico com cinco funções principais (cargas úteis) e vida útil de um ano. Nesse período, o equipamento devera testar em órbita: o transponder de coleta de dados (DCS), desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em parceria com o Centro Regional do Nordeste (CRN); o GPS Orion, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em parceria com o IAE; a placa de sensores para medidas de caracterização do campo magnético terrestre, desenvolvida pela Universidade de Santa Maria (RS); o funcionamento de uma câmera fotográfica para satélites de pequeno porte, utilizada em missões estratégicas; e um experimento de comunicação e transferência de dados com a comunidade de radioamador. Para atender aos objetivos da missão, a plataforma conta com os seguintes subsistemas: estrutura, painéis solares, unidade de condicionamento e distribuição, computador de supervisão de bordo, interfaces de expansão, GPS, computador de controle de atitude, sensores solares e magnéticos, atuadores, sistema de telemetria, rastreamento e comando (TT&C).
Criar uma réplica em solo para recuperar problemas em voo e treinar profissionais para futuras missões são objetivos centrais do projeto ITASAT, entretanto, a visão estratégica vai além, e já vislumbra a possibilidade de realizar serviços estratégicos em regiões onde a presença de satélites maiores ofereceriam custos proibitivos. Mesmo sendo um satélite para a realização de experimentos científicos, o ITASAT-1 poderá contribuir com diversos setores a partir da utilização dos dados coletados. Exemplo disso são as informações que serão obtidas pela carga útil do Transponder Digital de Coleta de Dados desenvolvido pelo INPE/CRN e poderão ser utilizadas pelo Sistema Brasileiro de Coletas de Dados Ambientais.
Outra contribuição importante do projeto destacado pela pesquisadora do ITASAT-1 é a estação solo instalada no ITA. “Já operacional, nossa estação rastreia o satélite NanoSatC-Br1, desenvolvido pelo INPE em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e lançado recentemente, em 19 de junho” disse a pesquisadora Lidia. Ainda segundo o gerente do projeto, o Capitão Elói Fonseca, instrutor do ITA: “Esta estação foi adquirida pelo projeto do NanosatC-BR1 e instalada no ITA, sendo operada pelo pessoal do ITASAT-1. Desta forma já temos o pessoal capacitado e a infraestrutura pronta para o monitoramento e controle do ITASAT-1, o qual poderá ser monitorado também pelos radioamadores, como ocorre com o NanosatC-BR1. A estação de solo de Santa Maria também servirá de apoio no monitoramento do ITASAT-1, assim como nossa equipe apoia atualmente o NanosatC-BR1, assim estamos com uma estrutura de trabalho prevendo a plena integração das equipes e projetos NanosatC-BR1, BR2, AESP-14 e ITASAT-1”.
Colaboração de Camila Delmondes