Fazer um foguete atingir três quilômetros de altura pode até parecer uma missão simples. O feito, porém, tem exigido esforço de estudantes do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que vão representar o Brasil em uma competição nos Estados Unidos. Além de elaborar a logística de lançamento, o próprio grupo trabalha na fabricação do veículo, que será lançado no próximo dia 24.
O desafio é fazer com que o foguete obtenha sucesso no lançamento, atingindo exatamente a altura proposta e carregando uma carga de 4,5 quilos. Após ser lançado, o equipamento ainda deve realizar aterrissagem de maneira adequada, no deserto da cidade de Green River.
A equipe, chamada Rocket Design, conta com 22 estudantes do 1º ao 5º ano de Engenharia Aeronáutica da instituição, que fica em São José dos Campos (SP). Parte do grupo viaja na segunda quinzena de junho para Green River, onde acontece a Intercollegiate Rocket Engineering Competition (Irec), que reúne estudantes de 40 universidades de países como EUA, Canadá e Turquia.
Para o aluno Marcio Fernando da Justa Sena, de 26 anos, o diferencial do grupo é justamente realizar a produção completa do equipamento. “Temos um foguete completamente feito por estudantes universitários. Não temos nada comprado comercialmente, como as equipes de fora”, afirma.
Segundo Sena, a produção acontece há quase seis meses e todos os custos foram financiados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “O ITA é pioneiro em Engenharia Aeroespacial no Brasil, tem sido um processo de muita competência. É gratificante poder levar o nome do país para fora, porque as pessoas acham que a gente não desenvolve esse tipo de tecnologia”, afirma o aluno.
Para desenvolver o projeto, os estudantes contam com o acompanhamento do professor da Divisão de Engenharia Eletrônica, Lester de Abreu Faria, e apoio acadêmico do instituto. “Grande parte das tarefas eles fazem sozinhos, com referências que nem sempre encontram de forma fácil nos livros”, explica Faria.
Na avaliação de Faria, a experiência obtida para desenvolver um foguete real também pode auxiliar no preparo dos jovens para o mercado de trabalho. “Eles se dividem como se estivessem trabalhando na indústria aeroespacial. Um profissional com experiência, já tendo desenvolvido sistemas reais, já é um diferencial”, diz o professor.
Esta não é a primeira vez que o ITA participa da Irec. Em anos anteriores, inclusive, a equipe do instituto conquistou duas vezes o prêmio de melhor projeto, uma das categorias do torneio. “Neste ano estamos um pouco mais ousados e queremos a premiação máxima”, espera Lester.